No início dos anos 40, a ideia de criar um estúdio nos
moldes de Hollywood atraiu investidores paulistas e diretores estrangeiros. Foi
assim que surgiu a Vera Cruz, primeira produtora de cinema em escala industrial
no Brasil. Porém devido a problemas na distribuição, e enfrentando a pressão de
diversas dívidas a empresa foi à falência. Em uma tentativa de quitar as
dívidas, a Vera Cruz vendeu os direitos do filme “O Cangaceiro” para a Columbia
Pictures. Este foi o primeiro filme brasileiro a ganhar reconhecimento
internacional e a Vera Cruz não ganhou nada por isso.
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O Cangaceiro, Lima Barreto - 1953 |
A Vera Cruz não foi a única
produtora Brasileira da época, outras também tentaram, mas tiveram o mesmo
destino da Vera Cruz. Inclusive produtoras que tiveram papeis importantes na
história do cinema brasileiro, como a Multifilmes, que foi a responsável por “Destino
em Apuros”, primeiro filme em cores produzido aqui.
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Destino em Apuros, Ernesto Remani - 1953 |
Nos anos 50, movidos pela
inovação do Neo Realismo Italiano, diretores brasileiros buscavam transportar
para as telas a realidade do país. Também havia grande inspiração na Nouvelle
Vague, já que um dos ideais era transgredir as regras impostas pelo cinema
tradicional de Hollywood. Nessa época surgiram filmes que marcaram o período,
como “Agulha no Palheiro” e “Rio 40 Graus”.
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Agulha no Palheiro, Alex Viany - 1953 |
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Rio 40 Graus, Nelson Pereira dos Santos - 1955 |
Já nos anos 60, inspirados
pelos primeiros passos do cinema nacional rumo à libertação dos paradigmas
hollywoodianos, jovens diretores estavam engajados com a realidade política
vivida na época. O sentimento de mudança era transferido para suas produções.
Foi nesta fase que surgiram três dos que foram considerados os precursores do
movimento do Cinema Novo Brasileiro. “Vidas Secas” de Nelson Pereira dos
Santos, “Deus e o Diabo na Terra do Sol” de Glauber Rocha, e “Os Fuzis” de Ruy
Guerra.
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Vidas Secas, Nelson Pereira dos Santos - 1963 |
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Os Fuzis, Ruy Guerra - 1964 |
Glauber Rocha se tornou o
maior ícone do Cinema Novo. Seu lema “Uma câmera na mão e uma ideia na cabeça”
se tornou a principal motivação de todo o movimento. A prioridade à arte antes
da produção em escala industrial, foi o que motivou vários destes diretores em
um dos momentos mais significativos para a libertação dos costumes pragmáticos
que existiam até então.
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Glauber Rocha |
Glauber Rocha também foi o
criador do que ele chamava de “estética da fome”. Que diferente do cinema
convencional, mostrava a pobreza do país diretamente da fonte real, assim como
no Neo Realismo Italiano. Sua ideia, segundo ele, era mostrar o país na tela,
da maneira mais fiel possível, com cinema de baixo orçamento e liberdade
autoral do diretor.
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