Assim como o Neo Realismo
Italiano, a Nouvelle Vague fez parte do que ficou conhecido como “Movimento de Cinema
Artístico Europeu”. A intenção deste movimento era ir contra os padrões pré
estabelecidos pelo cinema clássico hollywoodiano.
No final dos anos 50, uma
necessidade de novas linguagens cinematográficas levou um grupo de cinéfilos e
críticos que escreviam para a revista francesa “Cahiers Du Cinéma” a criarem
espontaneamente um novo tipo de narrativa estética que rompesse relações com o
estilo conservador do cinema da época. Deste mesmo meio de críticos surgiram nomes
como François Truffaut, Jean-Luc Godard, Éric Rohmer, Claude Chabrol e Jaques
Rivette.
Revista Cahiers Du Cinéma |
Muitos destes jovens estavam
engajados com inovações sociais e políticas da época, transparecendo seu
sentimento de renovação e mudança em suas produções, como ficava evidente na
edição, direção e narrativa das mesmas.
François Truffaut foi um dos
mais agressivos críticos do cinema tradicional Frances na época. Sua obra “Os
incompreendidos” é, talvez, uma das principais obras do movimento, já que
serviu de alavanca para outros diretores como o próprio Godart, por trazer
inovações e uma quebra total das regras conhecidas até então.
Os Incompreendidos (Les Quatre Cents Coups), François Truffaut - 1959 |
Jean-Luc Godard talvez seja
o nome mais conhecido do movimento vanguardista francês. As técnicas utilizadas
por ele surpreendiam as pessoas na época, causando uma sensação de estranheza,
sem que elas pudessem identificar se aquilo era intencional ou não.
Acossado (A Bout De Souffle), Jean-Luc Godard - 1952 |
Nas Garras do Vício (La Beau Serge), Claude Chabrol - 1958 |
Um dia desses eu assistia a
um documentário sobre edição e montagem e me lembro de uma parte onde o editor Richard
Chews falava que ao assistir o filme Acossado nos anos 60, não sabia se aquele
diretor simplesmente não sabia o que estava fazendo, ou se confiava tanto no
seu domínio da gramática cinematográfica que tentava apresentar uma nova forma
de linguagem, já que nos primeiros 5 minutos de filme ele já havia quebrado
todas as regras.
Acossado (A Bout De Souffle), Jean-Luc Godard - 1952 |
No mesmo documentário, até
mesmo Martin Scorsese afirma que quando assistiu ao filme não entendeu nada,
pois aquilo tudo era moderno demais para ele. Hoje em dia qualquer um possui
uma compreensão quase inata da linguagem audiovisual. Muito já foi
experimentado e ensinado, e o que parecia tão estranho algumas décadas atrás
pode parecer clichê e batido hoje em dia. Por isso é preciso colocar-se no
contexto da época antes de assistir a uma obra, principalmente quando ela é
proveniente de um movimento tão significativo como foi a Nouvelle Vague.
Nenhum comentário:
Postar um comentário