Os Westerns,
conhecidos no Brasil como faroestes,
ou bang bang, são filmes que retratam
o período em que as fronteiras dos EUA foram estendidas até o Oceano Pacífico,
cujos territórios novos foram também povoados a medida em que eram anexados, entre
1840 á 1890. Portanto, uma temática essencialmente norte americana.
Então, como seria possível um filme sobre o Velho Oeste não ocorrer no Velho
Oeste? Parece estranho, mas foi talvez o maior movimento do cinema popular italiano
durante as décadas de 60 e 70, os Spaghettis Westerns.
De modo geral, os filmes não possuiam histórias elaboradas e profundas, mas possuiam características marcantes como a ênfase na sujeira dos personagens, e principalmente na poeira dos ambientes que transmitiam miséria e desolação (quase todos os filmes foram rodados no deserto de Almeria, Espanha), ao contrário dos westerns americanos, que apresentavam o deserto como uma paisagem a ser admirada.
A violência era alta, com muitas mortes e tiroteios. Possuiam heróis com
características peculiares e caricatas. E por fim, uma certa despreocupação com
o contexto histórico, pois era comum o uso de metralhadoras nos filmes, arma
esta que não havia sido inventada em tal período.
Django, de Sergio Corbucci - 1966 |
Estas características acabaram desagradando a crítica e aos cinéfilos, que
desprezaram totalmente o movimento, alegando que as obras italianas não
possuíam conteúdo, essência western, e que mais pareciam paródias.
Outro aspecto que contribuiu com a má imagem obtida na América, foi o fato dos
faroestes italianos terem sido feitos para o consumo da massa, ao contrário dos
westerns americanos, que possuiam um público mais seleto por serem filmes “cult”.
Mas houve o
momento em que a América provaria com gosto os Spaghettis Italianos, graças a
obra de Sergio Leone.
Sergio Leone |
“Por Um Punhado de Dólares” inicialmente foi recebido com todas as críticas já
citadas, mas, décadas depois foi considerado considerado um grande clássico dos
faroestes em geral.
Por Um Punhado De Dólares (Per Un Pugno Di Dollari) - 1964 |
No ano seguinte Leone retornaria com “Por Uns Dólares a Mais”, e a consagração
final de sua "Trilogia do Homem Sem Nome" viria em 1966, com o maior clássico spaghetti, “Três Homens Em Conflito”.
Por Uns Dólares A Mais (Per Qualche Dollaro In Piú) - 1965 |
Três Homens Em Conlgito (Il Buono, Il Bruto, Il Cattivo) - 1966 |
Estas obras também
marcaram o movimento.
Django, de Sergio Corbucci - 1966
A Morte Anda a Cavalo (Da Uomo A Uomo), de Giulio Petroni - 1967 |
Era Uma Vez No Oeste (C'era Una Volta Il West), de Sergio Leone - 1968 |
Cimitero Senza Croci, de Robert Hossein - 1969 |
Muitos dos que criticaram intolerantemente estes filmes, acabaram reconhecendo
seus valores décadas depois. Talvez o amadurecimento pessoal e a percepção de
que a essência de uma estética única e nova possa ser levada em conta, tenha
feito-os enxergar o imenso valor que o Spaghetti Western possui.
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